d. fernando, infante de portugal
Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
As horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.
A sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
As horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.
E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois venha o que vier, nunca será
Maior do que a minha alma.
Ouvimos a voz do Infante Santo, assim apelidado por ter morrido às mãos dos infiéis, em martírio físico, nos cárceres de Fez, por não ter cedido á entrega da praça de Ceuta em troca da sua liberdade; afirma ter sido sagrado por Deus para fazer a sua “santa guerra”. É, pois, mais um dos instrumentos da vontade divina para que Portugal se cumpra.
Animado por uma “febre de Além”, por uma vontade de atingir o absoluto, o infante D. Fernando, irmão do infante D. Henrique, não teme o que o futuro lhe reserva e deseja, ardentemente, a “grandeza”, porque se sabe animado pelo espírito de Deus – “cheio de Deus”.
O poema encerra com a afirmação de que a sua alma é imensa, pelo que tudo o que posa acontecer “nunca será maior” do que a sua fé e vontade.
Na versão inicial de Mensagem, este poema intitulava-se Gládio e alguns críticos literários consideram que este herói mártir se identifica com o próprio poeta, investido de uma dimensão messiânica, um eleito de Deus para conduzir uma santa guerra contra a morte do sonho, sacrificando-se, desse modo, pela sua pátria.